28 de abril de 2025

FEITIÇO DE MARINA

Me chamo Edgar, tenho 45 anos, sou casado há 27 anos com Adriana e juntos temos uma filha, a Clara, que é o meu orgulho. Também tenho uma tendência irritante de observar o mundo, pois sou escritor, o que quer dizer que passo boa parte do meu tempo escutando conversas alheias, lendo o que está escrito nas entrelinhas do cotidiano. Sempre escondido no meu mundo particular na busca de inspirações, me escondo em meu escritório para escrever, pois lá é onde a paz reina e eu deixo fluir a criatividade. O que venho contar foi algo que me aconteceu de uma forma muito inesperada.

Marina, uma jovem de 23 anos que possui olhos que enxergam mais do que deviam, possui um tipo de beleza que não pede licença, invade e arrasta olhares. Ela é amiga da minha filha há anos, frequenta a minha casa desde pequena, mas agora estava uma mulher. Eu não me lembro quando foi exatamente que parei de olhar para ela como somente a amiga da minha filha e passei a vê-la como uma mulher atraente, talvez tenha sido na noite do ocorrido.

Na varanda do apartamento, eu via Clara e Marina conversando alegremente, risos leves e bem descontraídos. Marina sempre foi uma menina bonita, mas agora, aos 23 anos, possuía um corpo modelado, por genética e também por algumas horinhas na academia. Ela possuía um par de seios médios perfeitamente proporcionais ao corpo delicado, curvilíneo e juvenil. Ela possuía uma cintura fina, pernas alongadas que pareciam não terminar nunca. Não é exagero dizer que ela é linda. Ela estava usando um vestido branco e leve que marcava os quadris, e o tecido dançava com a brisa noturna que entrava pela varanda. Eu observava as meninas felizes; pareciam estar combinando algo para aquele fim de semana. Foi quando os olhos castanhos de Marina se viraram para onde eu estava. Nossos olhos se cruzaram, ela sorriu — não um sorriso qualquer, havia algo ali, e na hora eu não tinha percebido, mas ela já tinha lançado seu feitiço.

Foi quando um vento veio, quase com malícia, e levantou a barra do vestido de Marina. Um segundo, talvez dois, foi o tempo que me permitiu ver uma calcinha vermelha, rendada, moldada perfeitamente à curva do seu quadril. O meu olhar foi automático, rápido e involuntário, juro, mas o bastante para que meu coração perdesse o compasso. Me virei, disfarçando, mas aquela imagem já tinha sido registrada em minha mente como uma foto.

Minha doce amada Adriana, uma mulher incrível, com quem tenho amor e respeito, porém a paixão virou somente um carinho; o desejo silenciosamente se tornou uma rotina. O tempo fez dela somente a minha companheira de quarto. Ela já dormia quando aconteceu o baile traiçoeiro do vento com o vestido branco de Marina. Vejo isso como um momento de sorte, pois só a minha querida Clara nem percebeu o movimento, pelo menos é o que eu senti quando os meus olhos fotografavam aquele momento. Eu, sem me despedir das garotas, vou para o meu escritório, mais por hábito do que por inspiração. Me encontrava com um bloqueio criativo. As horas se passaram, o apartamento ficou silencioso, calmo como só se via tarde da noite. A luz amarelada do abajur sobre a minha escrivaninha desenhava sombras suaves nas estantes dos meus livros. Eu, ali sentado na frente do notebook, via a tela ainda em branco; parecia dançar como o vestido de Marina. A imagem daquela pequena peça vermelha e rendada voltava aos meus olhos, como isto me marcou igualmente à calcinha que marcava aquele quadril juvenil, abraçando as curvas com uma delicadeza e descompassando o meu coração senil. Eu juro, não olhei com perversidade.

Eu estava distraído com os meus pensamentos, porém ouvi passos leves de pés descalços tocando o chão do corredor, se aproximando do escritório. Era Marina. Levantei os olhos da tela que ainda permanecia branca, lá estava ela, escorada na porta, os cabelos castanhos escuros agora soltos, uma camisola comprida que cobria sua calcinha, peitos livres do aprisionamento do sutiã. Ela estava mais provocante sob aquela penumbra. Não me dizia nada, somente sorria, me lançando seu olhar — um olhar enfeitiçador — dando continuidade àquele que trocamos mais cedo. Ela tinha uma respiração calma, como se tivesse o plano feito anteriormente, agora era somente executar.

– Posso? – perguntou, como se precisasse mesmo da minha permissão.

Assenti com um gesto, ela entrou, fechando a porta atrás das costas sem tirar os olhos dos meus. Fiquei em silêncio, observando cada etapa dela. Ela não dizia nada, apenas se aproximou devagar, com passos suaves, lentos, quase coreografados para evitar fazer barulhos. Parou diante de mim, tão perto que pude sentir o perfume que usava, era um toque de jasmim que exalava daquela flor.

E então, num gesto inesperado, com uma ousadia de quem já planejava há tempos, ela puxou a barra da camisola com naturalidade. Antes que eu pudesse reagir, ela tirou aquela bela peça vermelha que cobria seu belo sexo, deslizando pelas pernas, fazendo com que eu acompanhasse com os olhos o sedutor percurso. Quando chegou ao final, jogou-a em mim. Veio sobre o meu peito de forma leve e macia, porém carregada de um feitiço. Marina me olhou com um olhar e sorriso maliciosos. Eu não consegui responder, fiquei só observando aquela mulher na minha frente, usando somente uma camisola.

Quando menos eu esperava, Marina se inclinou lentamente e então senti seus lábios tocarem o meu ouvido, um beijo suave, quase imperceptível, mas algo reagiu em mim, meu pau endureceu, eu fechei os olhos sentindo o arrepio no meu pescoço por puro instinto. Ela então se afastou, dando dois passos lentos e sentou-se na beirada da escrivaninha. Eu observava em silêncio, ela se movimentava de uma forma despretensiosa. Ela então puxou um pouco a camisola para cima, revelando um pouco mais da coxa, a pele dela brilhava sob a luz do abajur. Eu me sentia hipnotizado com a ousadia. Então foi que Marina me questionou:

– Você sempre escreve sobre os outros, que quase sempre nem existem, por que você não escreve sobre alguém que realmente está aqui na sua frente?

Eu estava enfeitiçado com a voz doce dela, seu questionamento me lançava uma canção das sereias que atraíam os marinheiros. Eu via mais do que deveria, ou mais do que tentava evitar ver. Marina me lança um olhar sem esconder suas intenções.

– Ed... – disse, quase num sussurro. – Você estava me olhando bem na hora que o vento me traiu e deixou que eu te revelasse a minha calcinha, por isso eu preferi entregar ela para que você a guardasse como recordação.

Meu silêncio foi a resposta suficiente para ela continuar.

– O que você acha do meu corpo?

O ar ficou pesado, havia uma linha tênue que, caso eu cruzasse, não haveria mais volta. Meus pensamentos me confundiam. Eu precisava ser cuidadoso e respeitoso, mas eu era a presa e não o predador. Soltei o ar e então respondi:

– Marina, você sabe que é linda. Com certeza milhares de garotos da sua idade te acham atraente.

Ela se endireitou sorrindo, puxou mais a camisola para cima, expondo agora os seios, belos seios medianos que são perfeitamente proporcionais ao seu corpo. Não é exagero dizer que tem a sua beleza. Marina continua me questionando.

– Mas o que você vê? Quando olha pra mim... quando pensa em mim... o que realmente vê?

Levanto os olhos para os dela e respondo calmamente:

– Vejo curvas que você sabe exatamente como usá-las. Vejo beleza que não é só de aparência. E vejo um perigo que eu não sei se quero evitar.

Com essa resposta, ela morde o lábio superior, como se saboreasse a resposta, me encarando como se estivesse decidindo como continuar o seu plano. Depois de alguns segundos, ela desce da escrivaninha e me beija, um beijo cheio de desejo acumulado, como se estivesse confirmando tudo que eu tinha dito, quebrando a minha resistência. As mãos foram parar na cintura dela, o corpo dela estava quente. Eu a puxava para mais perto. Com uma naturalidade, ela acomodou-se em meu colo. Nem senti mais a barreira entre a xana dela e a minha coxa, muito menos o segredo que não conseguia mais esconder. Então ela saiu do meu colo e, em silêncio, saiu do meu escritório, me deixando o perfume de jasmim no corpo e a calcinha vermelha rendada sobre a mesa.

Eu olhava para a calcinha sobre a mesa, a minha mente dizia para não tocar, mas eu já tinha cruzado a linha tênue que outrora pensava em não ultrapassar. Peguei a calcinha, aproximei-a do meu rosto. Então as memórias e a lembrança de algo vivido há poucos segundos atrás, o cheiro do perfume de jasmim misturado com o calor do meio das pernas de Marina, era excitante, quase viciante. Senti algo novamente despertar em mim, algo primal, quase esquecido, um desejo antigo, quase juvenil em sua essência.

Fechei os olhos por um instante, tentando buscar na razão um pouco da sanidade que parecia ter escapado pela porta junto com Marina. Mas, no fundo, algo em mim desejava que ela voltasse... ou que aquele jogo apenas estivesse começando e eu sabia... Ainda não era o fim. Era apenas o começo.

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